Oeste Carioca

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sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Zona Oeste Continental x Zona Oeste Oceânica

 Você sabe onde fica a Zona Oeste?

Todas as vezes que alguém, do Rio de Janeiro, diz a palavra "Zona Oeste", há quem pense em toda a configuração territorial reunidos bairros de Bangu, Campo Grande, Barra da Tijuca e Jacarepaguá, por exemplo.  Outros fazem logo menção aos bairros mais pobres "do outro lado do Maciço da Pedra Branca".

Na figura, a seguir, você observa uma organização das "Zonas" da cidade do Rio de Janeiro, mesmo que feito de forma mais generalizada.  É nítida a percepção de que a Zona Oeste ocupa quase 50% do território carioca.

Adaptado do Atlas Geográfico do Rio de Janeiro
Fonte: Adaptado do Atlas Geográfico do Rio de Janeiro

A divisão político-administrativa da prefeitura do Rio de Janeiro organiza o território em Áreas de Planejamento, que são divididas em Regiões Administrativas e, depois em bairros.  Na figura a seguir, observe que a Zona Oeste é separada em Áreas de Planejamento 4 e 5.

Fonte: Atlas Geográfico do Rio de Janeiro

A Área de Planejamento 4, aqui, chamada de Zona Oeste Oceânica, é formada por 19 bairros distribuídos por três Regiões Administrativas e reúne bairros considerados com alto padrão aquisitivo, como Barra da Tijuca, Recreio, Joá e São Conrado, e uma faixa socioeconômica mais popular, presente nos bairros de Jacarepaguá, Taquara, Praça Seca e Pechincha.

Por sua vez, a Área de Planejamento 5, aqui chamada de Zona Oeste Continental, reúne bairros onde a população tem, majoritariamente, baixo poder aquisitivo, como Bangu, Santa Cruz, Campo Grande e Guaratiba.

Você já ouviu falar em Índice de Progresso Social (IPS)? É uma abordagem de mensuração direta do desenvolvimento humano, que combina variáveis sociais comumente usadas em avaliações do desenvolvimento humano e bem-estar  (indicadores de saúde, nível de acesso e qualidade dos serviços básicos e da educação básica e superior) com variáveis ambientais, acesso à comunicação, direitos humanos, liberdade de escolha, tolerância e inclusão. 

Na figura, a seguir, é possível observar o gradiente diferencial entre as AP4 e AP5.  A Zona Oeste Continental apresenta as cores vermelho e laranja, com baixos Índice de Progresso Social. A divisão entre estes quatro grupos permite enxergar a divisão espacial do progresso social carioca. 

Portal oficial do IPS - http://ipsrio.com.br/


Em 2015, os vereadores Marcelino D´Almeida e Zico apresentaram um projeto na câmara, onde separariam as AP4 e AP5, que teriam novas nomenclaturas.  A proposta foi rechaçada pela oposição, argumentando possível elitismo, ao separar "ricos de pobres".

Mas, é fundamental que o poder público visualize, de forma clara, as  necessidades de investimentos diferenciados desses territórios, no sentido de se facilitar a programação estratégica de recursos.

Profa Debora Rodrigues Barbosa 











domingo, 2 de novembro de 2014

O que é e onde é o Maciço do Gericinó-Mendanha?

O maciço de Gericinó-Mendanha é um dos três grupos de maciços costeiros localizados no Município do Rio de Janeiro. A unidade geomorfológica é conhecida por possuir características a própria Mata atlântica original, abrigando espécies ameaçadas de extinção e o vulcão extinto da era cenozoica período terciário.  É constituído, de modo geral, por gnaisses, cortados por veios e diques de fonolito; encontramos também vários afloramentos de rochas alcalinas: sienito, nefelínicos e foiaito; principalmente no Morro do Marapicu.

Grande parte do Gericinó pertence à era Cenozóica do período Terciário, com aproximadamente 500 milhões de anos. Em 1977, os geólogos André Calixto Vieira e Victor de Carvalho Klein desenvolveram estudos sobre a geologia do Estado do Rio pela UFRRJ e, analisando fotos aéreas de Nova Iguaçu, constataram ocorrências de rochas vulcânicas que, dispostas de forma circular, cobriam uma extensa área da Serra de Madureira, no Maciço do Gericinó. O duto vulcânico está localizado no extremo norte da Serra de Madureira. O material expelido pelo vulcão extinto há aproximadamente 40 milhões de anos é encontrado espalhado até as proximidades de Mesquita e no Parque Municipal de Nova Iguaçu.

A iniciativa governamental de proteção do Maciço do Gericinó iniciou-se no final da década de 1930, na transformação de grande parte das áreas de remanescentes florestais em topos de morros, encostas e fundos de vales situados em terrenos da União, sob o domínio do Ministério do Exército.  Atualmente, consta com diferentes unidades de conservação, como é o caso do Parque Estadual do Mendanha, a Área de Proteção Ambiental Estadual do Gericinó-Mendanha, o Parque Natural Municipal da Serra do Mendanha, o Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu e Parque Natural Municipal de Mesquita.

A região passou a ser conhecidas pelos primeiros colonizadores a partir de 1603, no início do século XVII, quando cultivaram canaviais, abrindo caminhos de acessos, e construíram seus engenhos de açúcar que eram o motor da economia da época, provavelmente ocupando as baixadas circundantes.  Nos séculos XVIII e XIX, foi a vez da expansão do café e a sua contribuição para a economia nacional.  É dentro desse período histórico que então a área então rural, passou a sofrer urbanização e para esse processo, contribuíram a construção do ramal Santa Cruz da Estrada de Ferro Central do Brasil, em 1890, que chegava à Bangu. Em 1893, ocorreu também a instalação da Fábrica de Tecidos de Bangu, que comprou três fazendas grandes para construir vilas para seus quadros técnicos e vilas operárias, iniciativas que consolidaram a ocupação do bairro.

A fábrica construiu um reservatório na Serra da Mendanha, juntamente com um aqueduto. O reservatório tornou-se ponto de referência na região e passou a ser chamado de "Caixinha" em referência à "caixa d´agua". O local onde situa-se o reservatório possui muitas belezas naturais e era utilizado como área de lazer campestre dos dirigentes da fábrica.

No século XIX, a Zona Oeste se transformou numa vasta zona de agricultura de sustento, parte para abastecimento da cidade e parte para o consumo familiar. As antigas fazendas começavam a mudar para  pequenos sítios e chácaras.

No início do século XX, os bairros de Bangu e Campo Grande, bem como o município de Nova Iguaçu receberam grande incremento demográfico, promovendo uma pressão urbana acelerada sobre os contrafortes do Gericinó-Mendanha.  Além via ferroviária já existente, contribuíram para o aumento da população, a construção da antiga Estrada Rio-São Paulo, em 1930, e abertura da avenida Brasil, em 1946. Em decorrência da maior facilidade de acesso, essas intervenções atraíram muitos moradores, devido ao baixo custo da habitação, aliada à especulação imobiliária, assim como pela implantação de conjuntos habitacionais pelos poderes públicos, tanto em nível federal, estadual e municipal.

No território da APA do Gericinó-Mendanha, são identificados vários tipos de uso e ocupação do solo como áreas de mata com visitação, sítios agrícolas, áreas de plantação de bananeiras, sítios de lazer, áreas de reflorestamento, áreas de pedreiras, áreas de expansão urbana de média e renda baixa e áreas de mata sem visitação.

A pequena lavoura no Maciço do Gericinó-Mendanha é uma atividade clássica, praticada pelos caboclos e por portugueses, que marcou e marca até hoje a sua ocupação, acentuando uma fase na economia rural do Maciço que se assemelhava a do interior.

As facilidades de escoamento pelas primeiras estradas de rodagem, ajudaram a maior propagação da cultura da banana. Atualmente, os bananais recobrem considerável proporção das áreas das encostas, principalmente na Serra do Quitungo e na Serra do Mendanha, que constituem uma imagem  característica da economia rural carioca. Formando uma importante base econômica para a maior parte dos sitiantes da montanha, mas caracteriza um problema ambiental devido a retirada da mata primária e a exposição do solo à erosão.  Um outro produto destinado à venda é o chuchu, cuja ocupação é predominante na baixada, teve sua importância assinalada por volta de 1930.

O uso atual do solo, no Maciço do Gericinó-Mendanha e áreas circunvizinhas está relacionado ao alto índice de moradores em assentamentos de baixa renda, nos loteamentos irregulares, favelas, invasões e conjuntos habitacionais, se destacando a falta de infra-estrutura. A ocupação desordenada acarreta desmatamento nas encostas, acentuando a erosão; cria problemas em relação a amenização de temperaturas; assoreamentos dos rios, invasões nas áreas agrícolas, agravado com problema de infraestrutura.

Nas áreas junto aos maciços da Pedra Branca e do Mendanha e junto à Serra de Inhoaíba, predominam alguns sítios e chácaras, onde o uso residencial ocorre simultaneamente com a atividades hortigranjeiras ou com extensos terrenos explorados, como pastagens para rebanhos bovinos sem expressão econômica. São áreas abertas, com edificações esparsas, implantadas na paisagem natural, modificadas apenas pelo cultivo da banana.


 Alguns moradores das serras estão fixados em terras públicas, nas chamadas “florestas protetoras” que existem nas partes altas dos maciços e guardam os inúmeros mananciais que alimentam represas fornecedoras de água para os moradores da área urbana. Esses são “posseiros”, sendo numerosos nos vales do Mendanha.