A Floresta
de Deodoro é importante?
A cidade do Rio de Janeiro localiza-se em
uma área que, originalmente, assentava a exuberante Mata Atlântica, que sofreu
amplos processos de degradação ao longo dos séculos de ocupação do litoral
brasileiro. Os seus fragmentos
florestais localizam-se principalmente nos Maciços da Pedra Branca,
Gericinó-Mendanha e da Tijuca, onde o difícil acesso e a implantação de
unidades de conservação têm contribuição para a sua preservação.
Os fragmentos de Mata Atlântica em áreas suavemente
onduladas são raros no espaço carioca, e aquela localizada no Morro do Camboatá,
conhecida como “floresta de Deodoro”, no bairro de mesmo nome, é um dos poucos
exemplares.
E o Ministério dos Esportes, através da
secretaria nacional de esportes de alto rendimento, está querendo substituir
amplas áreas aprazíveis pela barulheira de um autódromo. Com a retirada da antiga pista Nelson Piquet,
em Jacarepaguá, para a construção do Parque Olímpico, o poder público solicitou
licença ambiental e a obteve com o órgão competente, Instituto Estadual do
Ambiente (INEA), mesmo sem desenvolvimento de estudos detalhados como o
EIA/RIMA.
O fragmento florestal está localizado exatamente
em um trecho que pode ser considerado “corredor verde”. Segundo Frischenbruder
e Pellegrino (2006), são considerados corredores verdes (ou caminhos verdes),
espaços abertos lineares que desempenham diversas funções ecológicas, como a
conexão entre fragmentos de vegetação, a proteção de corpos hídricos, a
conservação da biodiversidade, a possibilidade de manejar as águas das chuvas,
além de promover múltiplos usos pela população, como recreação, transporte e promover
a coesão social.
A região do Morro do Camboatá localiza-se
entre os Maciços da Pedra Branca e Gericinó Mendanha, com equidistância de
aproximadamente 7km. Portanto, a unidade
de relevo e seus recursos (floresta, fauna, solo, dentre outros) possuem
atributos ambientais relevantes e tem localização estratégica para manter a
conexão entre os remanescentes florestais dos dois maciços (MPE,
2012).
O Instituto
de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro informou que a vegetação de
Camboatá tem grande importância ecológica no contexto municipal, pois ainda
possui significativa área florestal, com grandes árvores remanescentes da
florestal original, além de resguardar algumas espécies ameaçadas de extinção
da flora brasileira. E sugere manter a sua
cobertura vegetal, uma vez que a manutenção da área está em sintonia com os
princípios que nortearam a UNESCO a conceder o título, para o Rio de Janeiro,
de Patrimônio Mundial como Paisagem Cultural Urbana.
Os bairros circunvizinhos são carentes de
áreas verdes de recreação. Certamente, o
entorno dos remanescentes florestais poderá ter grande importância social, caso
seja manejada adequadamente, como área de lazer e entretenimento para a
população.
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